quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Gás metano da Antártida pode agravar aquecimento global


Um grande volume de metano, um dos gases do efeito estufa, pode ter sido produzido sob o manto de gelo da Antártida ao longo de milhões de anos e pode se somar ao aquecimento global caso seja liberado para a atmosfera por um degelo, indicou um estudo nesta quarta-feira.
Cientistas das universidades de Bristol, Utrecht, Califórnia e Alberta simularam o acúmulo de metano nas bacias sedimentares da Antártida usando modelos e cálculos. Eles descobriram que é provável que micro-organismos podem ter conseguido converter os grandes depósitos de carbono orgânico do manto de gelo no gás potente.
Caso esteja presente, o metano provavelmente está preso sob o gelo. Mas ele pode ser liberado para a atmosfera à medida que as temperaturas globais crescentes derretem a camada de gelo, alimentando ainda mais o aquecimento global, afirmaram os cientistas em artigo publicado na revista científica Nature.
"O Manto de Gelo Antártico pode constituir um componente previamente negligenciado do inventário de hidrato de metano global, embora exista uma incerteza significativa", afirmaram os cientistas.
O metano permanece na atmosfera por até 15 anos. Os níveis têm aumentado nos últimos anos, seguindo um período de estabilidade desde 1998.
O gás normalmente é retido como hidrato de metano em sedimentos sob um leito marinho. A substância é uma forma de gelo contendo uma grande quantidade de metano, que em geral é estável.
Quando a temperatura sobe, o hidrato se quebra e o metano é liberado do leito marinho, dissolvendo-se em sua maior parte na água do mar. Mas, se o metano se romper na superfície do mar e escapar para a atmosfera, ele pode intensificar o aquecimento global.
Os cientistas já identificaram milhares de locais no Ártico onde o metano está sendo liberado na atmosfera, mas o potencial para a formação de metano sob o Manto de Gelo Antártico tem sido muito menos estudado. [Fonte: Terra]

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Perfurações revelam que Antártida já teve floresta tropical

Perfurações no leito marinho da costa da Antártida revelaram que uma floresta tropical existiu no continente há 52 milhões de anos, afirmaram cientistas nesta quinta-feira, alertando que a região poderá voltar a perder sua camada de gelo em questão de décadas. Segundo informações da AFP, a análise do núcleo de sedimentos coletados na costa leste da região revelou polens fossilizados provenientes de uma floresta "quase tropical" que cobriu o continente no período Eoceno, de 34 a 56 milhões de anos atrás.
Kevin Welsh, cientista australiano que viajou na expedição de 2010, explicou que a análise de moléculas sensíveis à temperatura nos núcleos demonstraram que era "muito quente" 52 milhões de anos atrás, com temperaturas de cerca de 20ºC. "Havia florestas em terra, não haveria gelo algum e seria muito quente", afirmou Welsh à AFP a respeito do estudo, publicado na revista científica Nature. "É surpreendente porque, obviamente, a imagem que temos da Antártida é que é muito fria e cheia de gelo", acrescentou ele, que é paleoclimatologista na Universidade de Queensland.
Welsh disse que se acreditava que níveis mais elevados de dióxido de carbono na atmosfera fossem a principal causa do calor e da ausência de gelo na Antártida, com estimativas de CO2 entre 990 e 2 mil partes por milhão (ppm).
A concentração de CO2 atualmente é calculada em cerca de 395 ppm, e Welsh afirmou que as previsões mais extremas, feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) veria o gelo recuado novamente na Antártida "no fim do século". "É difícil dizer, porque realmente isto é controlado pelas ações de pessoas e governos", explicou Welsh.
Welsh descreveu as descobertas como "muito significativas" para compreender o futuro das mudanças climáticas, particularmente em face da importância da Antártida para o planeta inteiro, bem como do "imenso" volume d'água armazenado em sua superfície.
O estudo "demonstra que se atravessarmos períodos de mais CO2 na atmosfera, é muito provável que haja mudanças dramáticas nestas áreas onde o gelo atualmente existe", afirmou. "Se perdermos muito gelo na Antártida, vamos ver uma mudança dramática no nível do mar em todo o planeta", acrescentou. Até mesmo a elevação do nível do mar em alguns poucos metros inundaria "grandes porções de terra habitável ao longo da costa de muitos grandes países e regiões de terras baixas", disse.
O gelo no leste da Antártida tem de 3 a 4 km de espessura e acredita-se que tenha se formado cerca de 34 milhões de anos atrás. Welsh disse que também haverá grandes impactos nas temperaturas globais se o gelo recuar porque se trata de um mecanismo de resfriamento integral do planeta, que regula as temperaturas, ao refletir para o espaço a energia do sol.
"Há duas maneiras de observarmos para onde iremos no futuro", afirmou em entrevista à BBC o coautor do estudo, James Bendle, da Universidade de Glasgow. "Uma das maneiras é usar modelos baseados na física, mas cada vez mais estamos usando este procedimento 'de volta para o futuro' no qual observamos períodos geológicos do passado que podem ser similares ao caminho que estamos propensos a seguir dentro de 10, vinte ou cem anos", disse Bendle.
Segundo informações da BBC Brasil, o Programa Integrado de Perfuração Oceânica Integrada (IODP, na sigla em inglês) a sonda perfurou através de 1 km de sedimento para trazer as amostras da época do eoceno. Juntamente com o sedimento, vieram grãos de pólen de palmeiras que eram parentes das baobá e macadâmia da atualidade. A matéria vegetal encontrada também trazia resquícios de organismos unicelulares chamados archaea. As planícies costeiras teriam abrigado palmeiras, e áreas mais para o interior contavam com faias e coníferos.
Os dados sugerem que até mesmo nos períodos mais sombrios do inverno antártico, a temperatura nunca caiu abaixo de 10ºC, e que no verão as temperaturas diurnas ficavam na faixa dos 20ºC.
Com informações da AFP e da BBC Brasil