quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Aumento do nível do mar pode ser o dobro do previsto, diz estudo

Uma nova pesquisa internacional alerta que o nível dos oceanos pode subir duas vezes mais do que o previsto pelos cientistas do Painel Intergovernamental para Mudança Climática (IPCC).


O IPCC indica que haverá, no máximo, um aumento no nível do mar de 81 centímetros neste século.


Mas a pesquisa do Centro Nacional de Oceanografia da Grã-Bretanha junto com centros de pesquisas em Tübingen – na Alemanha –, Cambridge e Nova York, publicada na revista Nature Geoscience, afirma que o número verdadeiro pode chegar a mais do que o dobro do proposto pelo IPCC, ou 163 centímetros.
Os cientistas analisaram o que aconteceu na Terra há mais de 100 mil anos, a última vez que o planeta esteve tão quente como atualmente.
A taxa de aumento do nível dos mares é uma das incertezas nas projeções de cientistas para o futuro do planeta com o aquecimento global.
Este novo resultado seria a primeira documentação mais sólida a respeito das taxas nas quais o nível do mar subiu tanto naquela época.
"Vários pesquisadores já apresentaram teorias mostrando que as taxas de aumento do nível do mar projetadas por modelos em avaliações recentes do IPCC são baixas demais", disse Eelco Rohling, do Centro Nacional de Oceanografia da Grã-Bretanha, em Southampton.
"Isto acontece porque a estimativa do IPCC tem como preocupação principal a expansão térmica e o derretimento do gelo de superfície, sem determinar o impacto dos processos dinâmicos das camadas de gelo."

Derretimento
No último estudo, os pesquisadores conseguiram fazer as estimativas ao analisarem o período interglacial – entre 124 e 119 mil anos atrás – quando o clima da Terra era mais quente do que atualmente, devido a uma configuração diferente da órbita do planeta em volta do Sol.
Os pesquisadores descobriram que a média de aumento do nível do mar foi de 1,6 metro a cada século deste período.
Este também foi o período mais recente no qual os níveis dos mares e oceanos ficaram cerca de seis metros acima dos níveis atuais, devido ao derretimento das camadas de gelo da Groenlândia e Antártida.
Neste período a Groenlândia tinha temperaturas entre 3ºC e 5ºC mais quentes do que atualmente, o que é parecido ao período de aquecimento nos próximos 50 a cem anos, segundo Rohling.
"A média da taxa de aumento (do nível do mar) de 1,6 metro por século que descobrimos é cerca de duas vezes maior do que a estimativa máxima do relatório do IPCC, então oferece a primeira avaliação potencial da dinâmica das camadas de gelo, que não foi incluída entre os valores (avaliados) pelo IPCC", explicou Rohling. (Fonte: BBCBrasil)

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Estudo aponta alargamento de zona tropical

Mudanças climáticas estão fazendo com que os trópicos se ampliem, com possíveis conseqüências para o estoque mundial de alimentos, sugeriram pesquisadores americanos.


Os cientistas examinaram cinco pontos diferentes da largura da zona tropical e descobriram que ela aumentou entre 2 e 4,8 graus de latitude desde 1979.
Outros pesquisadores, por sua vez, disseram que as mudanças climáticas podem levar ao aumento do número de tempestades nos Estados Unidos.
As descobertas surgem em um momento em que começou, em Bali, a conferência das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, que se concentrará em novas metas na redução das emissões de gases do efeito estufa.
A capacidade dos países mais pobres - vários deles nos trópicos - de responder e se adaptar ao impacto de mudanças climáticas será um outro grande tema das conversações.
Zona mais ampla
As cientistas americanos, da National Oceanic and Atmospheric Administration de Maryland, do National Centre for Atmospheric Research de Colorado e de universidades dos Estados de Washington e Utah, que fizeram a nova análise da expansão dos trópicos, usaram cinco tipos de dados recolhidos por satélite.
Os geógrafos definem a localização dos trópicos de maneira rigorosa, como a região entre o Trópico de Câncer, a 23,5 graus de latitude ao norte da Linha do Equador, e Trópico de Capricórnio, a 23,5 graus de latitude ao sul, mas para cientistas que analisam a atmosfera é uma zona de fronteiras mais variáveis marcada por características como precipitação, temperatura, direção dos ventos e camada de ozônio.
De acordo com estes dados, os trópicos sofreram uma expansão desde o início da observação por satélite, em 1979.
Em artigo na revista Nature Geoscience, os pesquisadores disseram que a mudança das fronteiras da zona tropical, que encostam nas zonas subtropicais secas, pode levar a mudanças fundamentais no ecossistema e nas concentrações humanas.
"Mudanças nos padrões de precipitação terão implicações óbvias para os recursos agrícolas e hídricos, e podem trazer escassez acentuada para nas áreas marginais."
O Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) advertiu em sua série de relatórios neste ano que há sério impacto no fornecimento de água e alimentos à frente: de 75 milhões a 250 milhões de pessoas na África podem sofrer falta de água até 2020, as colheitas podem aumentar em até 20% no leste e sul da região do Sudeste Asiático, mas diminuir em até 30% na Ásia Central e Sul.
A agricultura que depende das chuvas pode ser reduzida em 50% em alguns países africanos até 2020.
Os cientistas responsáveis pelo novo estudo destacam que a zona tropical parece estar se expandindo muito mais rápido do que o previsto por modelos de computador.
Tempestades
Se nos países em desenvolvimento a preocupação com as mudanças climáticas se concentra no impacto sobre a agricultura, em países ricos como os Estados Unidos a maior preocupação para países pode ser o dano causado por condições climáticas extremas.
O IPCC prevê furacões mais fortes no futuro, mas possivelmente em menor número. Uma outra equipe americana sugere agora que haverá um aumento nas tempestades sobre o país.
Em Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os pesquisadores descrevem um estudo por modelos de computador que prevê que a freqüência da ocorrência de condições climáticas para a formação de tempestades fortes pode dobrar.
Extremos de clima estão custando à economia americana mais de US$ 2 bilhões por ano, dizem os pesquisadores.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Oceano Ártico poderá ter verão sem gelo em 2013, diz estudo

Um estudo realizado nos Estados Unidos e na Polônia aponta que o Oceano Ártico poderá passar o verão totalmente sem gelo dentro de apenas cinco ou seis anos.

Em uma apresentação no encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco, a equipe de cientistas da Nasa e da Academia Polonesa de Ciências disse que projeções anteriores subestimaram o processo que está causando o derretimento do gelo no Ártico.
A equipe de pesquisadores se concentrou em medidas da camada de gelo observadas entre 1979 e 2004, mas a extensão mínima de gelo foi registrada no verão deste ano.
"Com isso, podemos até dizer que nossa projeção para 2013 já é tímida", disse Wieslaw Maslowski, chefe do grupo de cientistas.
Segundo o estudioso, a diferença entre outros estudos e o seu está na resolução dos modelos criados para simular as situações no futuro.
"Nós usamos um modelo de alta resolução, com dados atmosféricos realísticos", disse Maslowski. "Com isso, conseguimos uma imagem muito mais realista, com a influência de forças acima da atmosfera e abaixo do oceano."

Avanço:
O grupo do professor Maslowski, que inclui cientistas da Nasa e do Instituto de Oceanologia e da Academia Polonesa de Ciências, é conhecido por produzir dados e modelos mais avançados em relação a outros grupos de estudo.
Os outros grupos de pesquisadores produziram informações para um verão com o Oceano Ártico aberto em um período que varia entre 2040 e 2100.
Para Maslowski, estes modelos subestimaram alguns processos importantes envolvidos no derretimento das geleiras.
O pesquisador afirma que os modelos precisam incorporar representações mais realistas da forma como a água quente está se movendo pela bacia ártica, vinda dos oceanos Atlântico e Pacífico.
"O que alego é que os modelos climáticos globais subestimam a quantidade de calor transportada para o oceano de gelo", afirmou.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, usa a média de uma série de modelos para calcular a perda de gelo na região.
Mas, nos últimos anos, aparentemente a taxa real de derretimento das geleiras no verão está ficando à frente dos modelos.
Em setembro deste ano, a camada de gelo sofreu uma retração recorde e ficou com 4,13 milhões de quilômetros quadrados.
A marca anterior havia sido registrada em 2005, quando a extensão de gelo foi de 5,32 milhões de quilômetros quadrados.

Mar aberto:
O Centro Nacional de Informações sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos (NSIDC) coleta informações a respeito da extensão do gelo no Oceano Ártico e faz boletins regulares sobre o assunto.
O cientista do centro, Mark Serreze, foi um dos palestrantes do encontro da União Americana de Geofísica, em San Francisco, e discutiu a possibilidade de um mar aberto, sem geleiras, no Oceano Ártico, durante os meses do verão.
"Há alguns anos, eu pensava (nesta possibilidade) para 2050, 2070, até além do ano 2100, pois isto era o que nossos modelos nos mostravam", afirma Serreze.
"Mas, como vimos, os modelos não são rápidos o bastante no presente", acrescentou. "Estamos perdendo gelo a uma velocidade maior."
"Minha opinião é que 2030 não é um ano cedo demais. Mas Maslowski é da opinião de que poderá acontecer em 2013. Veremos como será o resultado", concluiu o cientista. (Fonte: BBCBrasil)
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