A "caixa Preta" da Terra que Pretende Registrar o Fim do Mundo

Em um dos extremos do planeta, no sul da Austrália, cientistas e artistas criaram um dispositivo para registrar o fim - ou a transformação completa - do mundo como o conhecemos, devido às alterações no clima.

© Cover-Images/imago imagesUnidades de armazenamento registrarão passo a passo para onde caminha o planeta em meio às mudanças climáticas


O ano de 2022 marcará a construção e a inauguração de um dispositivo teoricamente indestrutível, capaz de registrar como a humanidade administra o planeta em meio às mudanças climáticas. A chamada "caixa preta" da Terra será instalada em um dos extremos mais inóspitos do mundo, na costa oeste da Tasmânia, ilha pertencente à Austrália.

Inspirado nas "caixas pretas" dos aviões - que registram o que acontece em caso de acidente aéreo -, o dispositivo, criado por artistas e cientistas australianos, pretende gravar passo a passo a transformação - ou a destruição - do mundo tal qual conhecemos hoje.

A Tasmânia foi escolhida por se tratar de uma área política e geograficamente estável, segundo informaram os criadores da máquina, a empresa de comunicação e marketing Clemenger BBDO e a Universidade da Tasmânia.

"A menos que mudemos drasticamente nosso modo de vida, as mudanças climáticas e outros problemas causados pelo homem provocarão o colapso da nossa civilização", diz o site da Earth's Black Box (Caixa Preta da Terra, em tradução livre para o português), criada após a COP 26, a conferência do clima das Nações Unidas que ocorreu em Glasgow, Escócia, em novembro. Na ocasião, ficou determinado que o mundo precisa limitar o aquecimento global em até 1,5 graus Celsius em relação ao período pré-industrial.

Como funcionará o dispositivo

A estrutura monolítica irá registrar informações não apenas sobre aumento ou diminuição de temperatura, mas também a respeito de extinção de espécies, poluição e impactos na saúde na Terra. Se o planeta sucumbir às mudanças climáticas, os arquivos contidos na "caixa preta" serão capazes de reconstituir o que e como de fato aconteceu, segundo a publicação Science Alert.

Alimentado por energia solar e térmica, o bloco de aço tem 10 metros de comprimento e é projetado para resistir a desastres naturais. Conectado à internet, usará um algoritmo para coletar periodicamente dados relacionados às mudanças climáticas - por meio de um conjunto de 500 métricas - e armazená-los automaticamente.


A "caixa preta" estará repleta de unidades de armazenamento contendo dados relativos às alterações no clima, tais como temperaturas médias e consumo global de energia.

"A Caixa Preta da Terra é uma estrutura e um dispositivo que registrará cada passo que a humanidade der em direção a uma iminente catástrofe climática ou para longe dela", declarou Jim Curtis, diretor-executivo de criação da Clemenger BBDO, que criou o projeto.

Curtis disse ainda que a caixa não apenas forneceria ao mundo uma riqueza de dados sobre as mudanças climáticas, mas também que as informações registradas ajudariam a responsabilizar os líderes e deixariam lições para as gerações futuras.

"Se o pior acontecer e a civilização desaparecer por causa das mudanças climáticas, essa caixa indestrutível terá registrado todos os detalhes. Desta forma, quem permanecer, ou quem encontrá-la depois, aprenderá com nossos erros", enfatizou.

Ainda assim, os criadores da "caixa preta" esperam que ela não precise ser aberta: "Estou no avião. Não quero que ele caia. Apenas espero que não seja tarde demais", disse Jim Curtis ao jornal The New York Times.

Fonte: DW


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Aumento Irreversível do Nível do Mar é Foco de Novo Estudo Sobre Aquecimento Global

O ritmo atual do aquecimento global pode desencadear um aumento “rápido e irreversível” do nível do mar com o derretimento da vasta camada de gelo da Antártica, segundo alerta um novo trabalho de pesquisa.

A menos que as emissões de aquecimento do planeta sejam rapidamente reduzidas para cumprir as metas do acordo climático de Paris, o mundo enfrenta uma situação em que haverá um “salto abrupto” no ritmo da perda de gelo da Antártica por volta de 2060.

“Se o mundo aquecer a uma taxa ditada pelas políticas atuais, veremos o sistema Antártico começar a ruir por volta de 2060”, disse Robert DeConto, especialista em mudanças climáticas polares da Universidade de Massachusetts e principal autor do estudo. “Depois de aquecer esse sistema climático, as camadas de gelo se desfazem e, uma vez que isso seja colocado em movimento, não há como reverter”, concluiu.

A nova pesquisa, publicada na revista Nature, descobriu que a perda de gelo da Antártica seria “irreversível em escalas de tempo de vários séculos”, ajudando a elevar os oceanos do mundo entre 17cm e 21cm até o final do século.

Os cientistas têm alertado cada vez mais sobre o destino da enorme quantidade de gelo armazenado na Antártica que, se derretesse completamente, aumentaria o nível do mar global em 57 metros, invadindo completamente as costas do planeta.

“Se não fizermos nada para reduzir as emissões, poderemos ter 5 metros de elevação do nível do mar apenas na Antártica até 2200, ponto em que seria necessário remapear o mundo. É algo inimaginável”, alertou o cientista.

Fonte: Planeta

Estudo Inédito Revela que Microplástico Espalhado Pelo Ar Já Afeta Clima da Terra


Pequenos pedaços de garrafas, sacolas, roupas e outros resíduos plásticos que se fragmentaram no meio ambiente estão influenciando o clima da Terra à medida que circulam pela atmosfera. Como outras partículas de aerossol, tanto naturais quanto sintéticas, os microplásticos parecem ter um efeito geral de resfriamento (embora pequeno), de acordo com o primeiro estudo que examinou os possíveis efeitos climáticos dos microplásticos aerotransportados. Os autores do estudo e outros pesquisadores afirmam que as descobertas, publicadas na quarta-feira na Nature, mostram a necessidade urgente de se obter um melhor controle sobre a quantidade de detritos de plástico que há no ar, onde estão e de que são feitos para melhor localizá-los. 

Todos os tipos de resíduos plásticos se desintegram em pedaços cada vez menores quando expostos à luz solar, vento, chuva e outras condições ambientais. A densidade geralmente baixa do plástico significa que esses fragmentos podem ser facilmente levados pelos ventos e espalhados pelo mundo. Nos últimos anos, os cientistas descobriram microplásticos até mesmo em picos remotos de montanhas e no Ártico.

Ocorreu aos pesquisadores incluindo Laura Revell, uma cientista atmosférica da Universidade de Canterbury da Nova Zelândia e uma das autoras do novo estudo que todas as partículas girando ao redor do globo interceptariam a luz do sol, assim como outros aerossóis, como poeira, sulfatos e carbono negro. Em última análise, isso influencia as temperaturas na superfície da Terra. Os sulfatos, por exemplo, espalham radiação, exercendo um efeito de resfriamento. O carbono negro, por outro lado, absorve a radiação visível e infravermelha, aquecendo a atmosfera.

Mas, ao contrário dos sulfatos ou do carbono negro, o plástico não é um único tipo de material, mas centenas. Ele engloba uma grande variedade de polímeros diferentes, bem como os produtos químicos e pigmentos que são adicionados a eles. As partículas microplásticas também vêm em uma ampla variedade de tamanhos e formas. 

Essas partículas espalham luz ultravioleta e visível e absorvem luz infravermelha. Quando os cientistas incluíram essas interações em modelos climáticos globais, eles puderam estimar o impacto das partículas no balanço de energia da Terra que foi um resfriamento muito leve. O estudo estimou o chamado forçamento radiativo efetivo (FRE), uma medida das mudanças no equilíbrio de energia da Terra. Os microplásticos tiveram um FRE de cerca de 0,75 miliwatt por metro quadrado, enquanto todos os outros aerossóis têm um FRE entre 0,71 e –0,14 watt por metro quadrado. (Existem 1.000 miliwatts em um watt.) No nível global, o aquecimento dos gases de efeito estufa na atmosfera supera essas influências de resfriamento.

Mas os microplásticos podem ter efeitos de resfriamento ou aquecimento localizados, dependendo de como variam de um lugar para outro: há concentrações mais altas em algumas cidades, por exemplo. Os efeitos regionais dos aerossóis podem ser significativos mesmo quando o efeito global geral é baixo, diz o cientista climático Bjørn Samset, que estuda aerossóis no Centro de Pesquisa Climática Internacional em Oslo e não estava envolvido com o novo estudo.

O efeito exato na temperatura pode variar dependendo de quantas partículas estão envolvidas, a que altura da atmosfera elas estão e inúmeras outras variáveis. Como Revell e seus co-autores queriam fazer uma primeira tentativa de abordar a questão da influência do clima, eles presumiram uma concentração uniforme de uma partícula microplástica por metro cúbico de ar em toda a camada mais baixa da atmosfera. Mesmo os estudos de concentração limitados feitos até agora mostram grandes variações, de tão baixas quanto 0,01 partícula por metro cúbico em partes do Oceano Pacífico a tão altas quanto 5.550 partículas por metro cúbico em Pequim. Os estudos usaram diferentes métodos de amostragem e detecção, alguns dos quais perdem as menores partículas de plástico. Nos estudos que usaram métodos mais sensíveis, as partículas menores representaram metade do que foi encontrado.

A fatoração de pigmentos e outros aditivos também pode alterar o efeito que eles têm. Pigmentos, por exemplo, geralmente aumentariam a absorção de luz, o que tenderia a aquecer a atmosfera. Revell diz que simplesmente ainda não há informações suficientes para tirar tais conclusões. E também há materiais orgânicos que podem alterar as coisas ao se aglutinarem em partículas de plástico, bem como as maneiras como essas partículas podem interagir com outros produtos químicos atmosféricos ou influenciar a formação de nuvens. Ainda não sabemos muito sobre como eles realmente se comportam na atmosfera, diz Revell.

Embora o efeito geral que ela e seus colegas tenham calculado seja pequeno, em comparação com o de outros aerossóis, é grande o suficiente para ser quantificado, diz Allen, acrescentando que isso mostra a necessidade de financiar mais e melhor monitoramento de microplásticos atmosféricos. Em vez de os microplásticos serem um problema separado, ela diz, os resultados “os consolidam com segurança no argumento da mudança climática. 

Fonte: MSN

Nível do mar continua a subir em ritmo alarmante, alerta relatório


O nível dos oceanos continua a subir em ritmo alarmante de 3,1 milímetros (mm) por ano, devido ao aquecimento global e ao derretimento do gelo na Terra, informou o Serviço de Monitoramento do Meio Marinho do programa Copernicus.

A extensão do gelo marinho do Ártico tem diminuído constantemente. Entre 1979 e 2020, perdeu o equivalente a seis vezes o tamanho da Alemanha, de acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira.

A extrema variação entre períodos de frio e ondas de calor no Mar do Norte está relacionada com mudanças na captura de linguado, lagosta europeia, robalo, salmonete e caranguejos.

A poluição causada pelas atividades em terra, como a agricultura e a indústria, tem impacto nos ecossistemas marinhos, reforçaram os especialistas na quinta edição do relatório sobre o estado dos oceanos.

O aquecimento dos oceanos e o aumento de salinidade intensificaram-se no Mediterrâneo na última década.

“Estima-se que o aquecimento do Oceano Ártico contribua com quase 4% para o aquecimento global dos oceanos”, diz o relatório.

Mudanças sem precedentes

Mais de 150 cientistas, de cerca de 30 instituições europeias, colaboraram no trabalho. De acordo com as conclusões, o oceano passa por “mudanças sem precedentes”, o que terá enorme impacto no bem-estar humano e nos ambientes marinhos.

“As temperaturas da superfície e subsuperfície do mar aumentam em todo o mundo e os níveis do mar continuam a subir a taxas alarmantes: 2,5 mm por ano no Mediterrâneo e até 3,1 mm por ano globalmente”, afirmaram os peritos.

O documento é apresentado como uma referência para a comunidade científica, líderes mundiais e o público em geral.

A combinação desses fatores pode causar “eventos extremos” em áreas mais vulneráveis, como Veneza, onde em 2019 uma subida do nível das águas fora do comum, uma forte maré e condições climáticas extremas na região provocaram a chamada Acqua Alta – quando o nível da água subiu para um máximo de 1,89 metro.

“Esse foi o nível de água mais alto registrado desde 1966 e mais de 50% da cidade foi inundado”, lembram os autores do documento.

Os cientistas explicaram que a poluição por nutrientes oriundos de atividades terrestres, como a agricultura e a indústria, tem “efeito devastador na qualidade da água” do oceano.

Bloqueio da luz natural

O aumento do crescimento das plantas pode levar à redução dos níveis de oxigênio na água do mar e até mesmo bloquear a luz natural, “com efeitos potencialmente graves” nos ambientes costeiros e na biodiversidade marinha.

No Mar Negro, por exemplo, o percentual de oxigênio tem diminuído desde o início das medições, em 1955.

O aquecimento da água do mar faz com que algumas espécies de peixes migrem para águas mais frias, levando à introdução de espécies não nativas num determinado habitat. Foi o que aconteceu em 2019, quando o peixe-leão migrou do Canal do Suez para o Mar Jônico, devido ao aumento das temperaturas na Bacia do Mediterrâneo.

Segundo o relatório, o gelo marinho do Ártico continua muito abaixo da média e diminui em ritmo alarmante.

Nos últimos 30 anos, o gelo marinho do Ártico diminuiu continuamente em extensão e espessura. Desde 1979, a cobertura de gelo em setembro reduziu 12,89% por década, com mínimos recordes nos últimos dois anos.

A perda contínua do gelo marinho do Ártico pode contribuir para o aquecimento regional, a erosão das costas árticas e as mudanças nos padrões climáticos globais.

Fonte: MSN

A importância de celebrar o Dia Mundial dos Oceanos

Os oceanos têm a importante função de absorver CO2 da atmosfera, o principal gás responsável pelo aquecimento global. Além disso, eles são uma via de transporte, fornecem alimentos e têm papel crucial no equilíbrio do clima global.

Entretanto, nos últimos anos, os oceanos têm sofrido fortes ameaças ambientais. Oceanógrafos descobriram que o oceano Pacífico está diminuindo sua capacidade de absorver o gás CO2 da atmosfera, possivelmente por conta da elevação da temperatura média da Terra.

aquecimento global também está prejudicando o funcionamento da circulação termoalina, um fenômeno que, se desregulado de modo significativo, pode causar uma queda considerável das temperaturas. Se a desaceleração continuar, a Europa e outras regiões que dependem da circulação termoalina para manter o clima razoavelmente quente e ameno, podem esperar por uma era do gelo.

Outro fenômeno que acontece nos oceanos e ameaça a vida marinha é a pesca fantasma. Essa prática ilegal é o que acontece quando os equipamentos desenvolvidos para capturar animais marinhos como redes de pesca, linhas, anzóis e outras armadilhas são abandonados, descartados ou esquecidos nos oceanos. Esses objetos colocam em risco toda a vida marinha, pois uma vez preso nesse tipo de engenhoca, o animal acaba ferido, mutilado e morto de forma lenta e dolorosa. Animais ameaçados de extinção como baleias, focas, tartarugas, golfinhos, peixes e crustáceos acabam mortos por afogamento, sufocamento, estrangulamento e infecções causadas por lacerações.

A pesca fantasma não movimenta a economia, afeta os estoques pesqueiros muitas vezes já esgotados e ainda permanece como uma isca viva atraindo peixes e outros animais de maior porte para a armadilha, que vêm em busca das presas menores que ficaram enroscadas no emaranhado de fios. Estima-se que, só no Brasil, a pesca fantasma afeta cerca de 69.000 animais marinhos por dia, que costumam ser baleias, tartarugas marinhas, toninhas (espécie de golfinhos mais ameaçada do atlântico sul), tubarões, raias, garoupas, pinguins, caranguejos, lagostas e aves costeiras.

O agravante é que, muitas vezes, essas redes de pesca são feitas de plástico, um material que pode demorar centenas de anos para se decompor.

Mas as redes de pesca não são a única fonte de poluição por plástico nos oceanos. O descarte incorreto, vazamentos industriais e a falta de preocupação com o pós-consumo do plástico agravam esse cenário.

Até 2050, estima-se que os oceanos terão mais peso em plástico do que em peixes. Isso sem falar no plástico oceânico que entra na cadeia alimentar e vai parar nos alimentos e até no intestino humano. Saiba mais sobre esse tema nas matérias: “Entenda o impacto ambiental do lixo plástico para a cadeia alimentar” e “Qual é a origem do plástico que polui o mar?“.

Dessa forma, fica claro o quanto é importante promover o Dia Mundial dos Oceanos como uma forma de chamar atenção para esse tema. Para saber mais sobre a iniciativa, dê uma olhada no site www.worldoceanday.org.

Nível do mar sobe 2,5 vezes mais rapidamente do que no século 20, diz relatório da ONU

Embarcação navega entre pedaços de degelo no mar do ártico — Foto: Christian Aslund/Greenpeace/Divulgação

Novo relatório de 900 páginas do IPCC revela uma situação preocupante para o planeta terra. O estudo compila as descobertas de milhares de estudos científicos e descreve os danos que as alterações climáticas já causaram aos vastos oceanos do planeta e às frágeis camadas de gelo, prevendo um futuro trágico para essas partes cruciais do sistema climático.

O novo relatório do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC) vem divulgar fortes alertas sobre o estado atual e futuro dos oceanos e da criosfera – o gelo que cobre o planeta Terra. Mais inundações costeiras, mais tempestades tropicais, menos biodiversidade, menos glaciares, milhões de pessoas que vivem em regiões costeiras em risco são os traços gerais do primeiro relatório dedicado unicamente aos oceanos e às partes geladas.
O documento, divulgado esta quarta-feira (25/09/2019), vem com o objetivo de expor os problemas, as soluções e apresentar várias propostas para formuladores de políticas em todo o mundo de modo a criar resiliência, ajudar na adaptação às alterações climáticas (que já não podem mais ser evitadas) e trazer benefícios para o desenvolvimento sustentável.
O Relatório Especial sobre Oceano e Criosfera num Clima em Mudança foi apresentado esta manhã, no Museu Oceanográfico do Mónaco e vem apresentar as consequências que já podem ser observadas, projecções e, por último, soluções para evitar os cenários negros que se anunciam (se nada for feito). O  diagnóstico feito à “saúde” dos oceanos, por mais de 100 cientistas de todo o mundo, não é animador.
Ao longo deste século, presume-se que os oceanos enfrentarão “condições sem precedentes”: continuará a haver um aumento de temperatura das águas, ainda mais acidificação, perda de oxigénio, mais ondas de calor marinhas e os fenómenos atmosféricos El Niño e La Niña tornar-se-ão mais frequentes (duas vezes mais do que o normal, tanto no melhor como no pior cenário possível).
No fundo, o documento sublinha que os impactos das alterações climáticas já são facilmente visíveis. Desde o topo da montanha mais alta até o fundo do oceano – e tangíveis para todos os seres humanos no planeta.
Desaparecimento dos glaciares
Até 2100, “prevê-se que desapareçam muitos glaciares independentemente das emissões [de dióxido de carbono] futuras” e que os danos provocados por inundações em zonas costeiras devam aumentar de magnitude (duas a três vezes mais grave do que são hoje). Cerca de 680 milhões de pessoas vivem em zonas costeiras baixas, e estima-se que esse número possa ascender para mil milhões em 2050. Na região do Árctico, são cerca de quatro milhões de pessoas, sendo que 10% delas são povos indígenas. Juntam-se ainda os 670 milhões que vivem em zonas montanhosas altas. Todas elas ficarão em risco. “Muitas nações terão de enfrentar desafios de adaptação”, afiança-se no relatório. Há ainda risco de “impacto severo na biodiversidade” nos ecossistemas costeiros, riscos para a saúde humana e animal.
Subida do nível do mar
Os oceanos cobrem 71% da superfície da Terra e contêm cerca de 97% da água no planeta. O IPCC aponta uma subida “sem precedentes” do nível médio global dos oceanos no período de 2006 a 2015 em relação ao último século, a um ritmo de 3,6 milímetros por ano, atribuindo-a principalmente às massas de gelo e glaciares que derreteram.  Na Antárctida, a perda de gelo foi três vezes maior entre 2007 e 2016 do que tinha sido entre 1997 e 2006; na Gronelândia foi duas vezes maior. Esta aceleração na Antárctida pode “potencialmente levar a um aumento do nível das águas do mar de vários metros em poucos séculos”.
A projeção dos cientistas é que a subida do nível dos oceanos atinja 15 milímetros por ano em 2100 e “vários centímetros por ano no século XXII”.
Absorção de dióxido de carbono 
Os cientistas do painel constataram que o oceano global tem vindo a aumentar de temperatura desde 1970, absorvendo “mais de 90% do calor em excesso no sistema climático”, com ondas de calor marinho duas vezes mais frequentes desde 1982.
“Ao absorver mais dióxido de carbono, o oceano sofreu um aumento da acidez à superfície”, apontam os cientistas, considerando muito provável que 20% a 30% do dióxido de carbono (CO2) emitido pela atividade humana desde 1980 foi parar ao oceano e provocou uma perda de oxigênio desde a superfície marinha até aos mil metros de profundidade.
Nos últimos 100 anos, “perto de 50% das zonas húmidas costeiras perderam-se em resultado da pressão humana, subida do nível do mar, aquecimento e eventos climáticos extremos”, perdendo-se “ecossistemas vegetais costeiros que protegem o litoral de tempestades e da erosão” e que absorviam dióxido de carbono, refere também o documento.
Perda de biodiversidade
O relatório refere que os corais de águas quentes já se encontram em elevado risco devido às “temperaturas extremas e à acidificação do oceano”.
Desde 1997 que as ondas de calor marinhas os fizeram perder a cor, degradando estes recursos importantes para a biodiversidade, para a protecção do litoral e também para o turismo. Os corais são de “recuperação lenta” e estima-se que fiquem ainda mais ameaçados, mesmo que se consiga reduzir as emissões e limitar a subida da temperatura global a 1,5ºC.
IPCC acusa Governos de inação e lista medidas de prevenção
O relatório do IPCC aponta o dedo aos governos, dizendo que o impacto das alterações climáticas no oceano e na criosfera tem uma escala temporal bem maior do que a duração dos governos e da sua capacidade de organizar medidas de prevenção e contenção, tornando difícil “que as sociedades se preparem adequadamente e respondam a estas mudanças a longo-prazo”.
Os cientistas consideram importante estar-se ciente do que nos espera e tomar medidas, mesmo havendo casos em que a redução de emissões de dióxido de carbono e o cumprimento do Acordo de Paris não devolvam a saúde aos ecossistemas. As medidas de mitigação dos efeitos descritos “ambiciosas e adaptação eficaz” são a única maneira de contrariar “os custos e riscos crescentes” de continuar a adiar ações concretas para limitar o aquecimento global, afirma o painel.
Entre as medidas apontadas como positivas, o IPCC refere a recuperação de ecossistemas vegetais costeiros, que poderão absorver cerca de “0,5% das emissões anuais atuais” e emitir menos dióxido de carbono, proteger o litoral de tempestades, aumentar a qualidade da água e trazer benefício à biodiversidade.
Outra das medidas sugeridas, para além da utilização de energia renovável produzida a partir dos oceanos, é o desenvolvimento e aplicação de sistemas de alerta em caso de cheias, assim como equipamentos à prova de inundação em edifícios localizados em zonas litorais. [Fonte: Jornal Econômico]

ONU: os oceanos estão a um passo de virar um pesadelo para a Humanidade

Iceberg em 29 de junho de 2019 em Terre-Neuve

Os oceanos, fontes de vida na Terra, podem se tornar nossos piores inimigos em escala global se nada for feito para travar as emissões de gases de efeito estufa, de acordo com o rascunho de um relatório obtido com exclusividade pela AFP.
Os estoques de peixes podem diminuir, os danos causados pelos furacões podem aumentar e 280 milhões de pessoas seriam deslocadas pelo aumento do nível do mar, de acordo com o relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), sobre os oceanos e a criosfera (manto e calotas de gelo, geleiras, permafrost), que será oficialmente apresentado em 25 de setembro em Mônaco.
Este documento de 900 páginas é o quarto relatório especial da ONU publicado em menos de um ano.
Os precedentes, igualmente alarmantes, diziam respeito ao objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C sobre a biodiversidade e a gestão das terras e ao sistema alimentar global.
De acordo com este quarto documento, que compila os dados científicos existentes e é visto como uma referência, o aumento do nível do mar pode, eventualmente, deslocar 280 milhões de pessoas em todo o mundo.
E isso na hipótese otimista em que o aquecimento global será limitado a 2°C em comparação com a era pré-industrial.
Com o aumento esperado na frequência de ciclones, muitas megacidades próximas à costa, mas também pequenas nações insulares seriam inundadas todos os anos a partir de 2050, mesmo em cenários otimistas.
"Quando você observa a instabilidade política desencadeada pelas migrações em pequena escala, tremo em pensar em um mundo onde dezenas de milhões de pessoas deixarão suas terras engolidas pelo oceano", afirma Ben Strauss, presidente e diretor do Climate Central, um instituto de pesquisa com sede nos Estados Unidos.
O relatório também prevê que de 30% a 99% do permafrost, a camada de solo congelada teoricamente durante todo o ano, derreterá até 2100, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem na taxa atual.
O permafrost no hemisfério norte liberará, sob efeito do degelo, uma "bomba de carbono" feita de dióxido de carbono (CO2) e de metano (CH4), acelerando o aquecimento.
Os fenômenos, já em andamento, também podem levar a um declínio constante nos estoques de peixes, dos quais muitas pessoas dependem para sua alimentação.
Os danos causados pelas inundações podem ser multiplicados por 100, ou até 1.000, até 2100.
O derretimento das geleiras causado pelo aquecimento climático dará muita água doce, depois muito poca, a bilhões de pessoas que dependem dela, também aponta um "resumo provisório para os "tomadores de decisões" a ser discutido linha a linha pelos representantes dos países membros do IPCC, reunidos em Mônaco a partir de 20 de setembro.
- Principais emissores pouco comprometidos -
Segundo o relatório, o aumento do nível do mar no século 22 "pode exceder vários centímetros por ano", cerca de cem vezes mais do que hoje.
Se o aumento de temperatura for de 2°C em 2100, será o começo de uma "corrida" na ascensão do mar, alerta Ben Strauss.
A divulgação do relatório ocorrerá após uma cúpula climática mundial convocada pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, em Nova York em 23 de setembro.
Ele deseja obter compromissos mais fortes dos países para reduzir suas emissões de CO2, enquanto, no ritmo atual, levariam a um aquecimento global de 2 a 3°C até o final do século.
Especialistas temem que China, Estados Unidos, União Europeia e Índia - os quatro principais emissores de gases de efeito estufa - apresentem promessas que não estão à altura dos desafios.
Nos Etados Unidos, por exemplo, diz Michael Mann, diretor do Earth System Science Center da Universidade da Pensilvânia, "os otimistas tecnológicos ainda acreditam que podemos encontrar maneiras de resolver esse problema", mesmo que "o país não esteja pronto para enfrentar um aumento de um metro do nível do mar até 2100" em algumas cidades como Nova York e Miami.
Das quatro principais regiões econômicas responsáveis por quase 60% das emissões de combustíveis fósseis, nenhuma parece pronta para anunciar metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de suas economias.
Donald Trump rejeita a política climática de seu antecessor Barack Obama e deseja que os Estados Unidos abandonem o Acordo de Paris de 2015. Um Acordo que visa manter o aumento médio da temperatura abaixo de 2°C em comparação aos níveis pré-industriais e, tanto quanto possível, a 1,5°C.
A Índia, por sua vez, está desenvolvendo rapidamente a energia solar, mas continua aumentando suas capacidades de carvão.
A União Europeia está caminhando para uma "meta de neutralidade" de carbono a ser alcançada até 2050, mas vários Estados-Membros relutam em se comprometer.
A China, que emite quase tanto CO2 quanto os Estados Unidos, a União Europeia e a Índia juntos, enviam sinais contraditórios.
"A atenção de Pequim está gradualmente se afastando das questões ambientais e das mudanças climáticas", declara Li Shuo, analista do Greenpeace International. Ele explica isso pela preocupação com a desaceleração da economia chinesa e a guerra comercial com os Estados Unidos.
Xangai, Ningbo, Taizhou e meia dúzia das principais cidades costeiras chinesas são altamente vulneráveis à futura elevação do nível do mar, que deverá subir um metro em relação ao nível global do final do século XX em caso de manutenção das emissões de CO2. [Fonte: Yahoo]

Temperaturas globais bateram recorde em abril, mostra mapa da Nasa


O mês de abril foi o sétimo seguido a bater recordes de temperatura global, segundo um mapa da Nasa, a agência espacial americana.

Os dados mostram que o mês passado quebrou o recorde para abril pela maior margem já registrada – foi o terceiro mês consecutivo em que esse recorde foi quebrado.

Usando a temperatura média analisada pela Nasa no período entre 1951 e 1980, abril de 2016 teve uma temperatura igual a de janeiro.

Fevereiro e março registraram temperaturas mais altas que a média desse período, enquanto abril destroçou o recorde anterior, estabelecido em 2010, por 0,24º Celsius.

“A circunstância lamentável que temos agora é a soma de um intenso fenômeno El Niño que foi potencializado pelo aquecimento global”, disse Christiana Figueres, secretária-executiva da Convenção da ONU para Mudanças Climáticas.

“Todas essas quebras de recordes nas temperaturas e as implicações disso - como o recorde no número de incêndios e as secas na Índia - nos fazem lembrar que não podemos fazer nada a não ser acelerar planos com soluções. Não temos outra opção a não ser acelerar essa agenda”, afirmou.

Várias regiões do hemisfério Norte, incluindo o Estado americano do Alasca, registraram temperaturas muito altas em abril – um padrão que se repetiu em meses anteriores.

Brasil
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que o Brasil seguiu o padrão global de aumento de temperatura no mês passado.

No período histórico entre 1981 e 2010, algumas regiões, especialmente Sul, Centro e Nordeste do país, registraram aumento de até 3º Celsius. Na comparação mensal, abril também registrou aumento de temperatura em relação ao mês anterior.

Na análise anual do mapa do Inmet, o mês de abril de 2016 mostra aumento de temperatura de maneira mais generalizada e acentuada no país comparando o mês nos últimos 53 anos.[Fonte: Olhar Direto]

Nível do mar pode subir até duas vezes mais do que o esperado


Um novo estudo publicado no começo de abril mostra um cenário ainda mais preocupante diante dos problemas ambientais e do aquecimento global. Cientistas alertam que o nível do mar pode subir até duas vezes mais que o esperado até o final do século.
A descoberta publicada pela revista científica Science faz as estimativas preocupantes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que parecerem conservadoras no último documento de referência, os cientistas previram até um metro de elevação do nível do mar neste século.
Mas eles não anteciparam qualquer contribuição significativa do degelo na Antártida. No entando, o novo estudo, os cientistas descobriram que uma  camada de gelo considerável da região é menos estável do que se pensava anteriormente e que seu derretimento pode aumentar os ricos para muitas cidades costeiras e nações insulares no mundo.
Anteriormente, os cientistas consideravam apenas o derretimento passivo do gelo marinho, nas camadas mais profundas, associado ao aquecimento da atmosfera e das águas do oceano, como fator determinante para elevação do nível do mar. Mas o estudo considera a influência de “processos ativos”, como a desintegração de enormes penhascos de gelo sob influência do ar quente. [Fonte: Yahoo]

Alemão choca milhares ao exibir foto de urso polar desnutrido


(Foto: Reprodução / Kerstin Langenberger)

Um fotógrafo chocou internautas do mundo inteiro com um clique capaz de conscientizar milhões de pessoas. Durante uma visita às Ilhas Svalbard, localizadas entre a Noruega e o Pólo Norte, Kerstin Langenberger flagrou um urso polar extremamente magro andando em uma pequena calota de gelo. 

Desde sua publicação no Facebook em 20 de agosto, a imagem já teve mais 27 mil compartilhamentos. Segundo o fotógrafo alemão, a condição do animal se deve às mudanças no clima, que trazem dificuldades para a sobrevivência da espécie. 

“Sim, eu vi ursos em boa forma, mas eu também vi outros mortos ou passando fome. Ursos andando na costa à procura de comida, tentando caçar alces, comer ovos de aves, musgos e algas. Muitas vezes, eu vi ursas muito magras e essas são exclusivamente fêmeas, como essa (da foto). Um mero esqueleto, ferida numa pata dianteira, possivelmente por uma tentativa desesperada de caçar uma morsa”, disse Kerstin na postagem. 

Langenberger ainda fez um apelo para que a humanidade consiga salvar animais como o urso polar, reduzindo o impacto de suas ações no meio ambiente. “A mudança climática está acontecendo grandiosamente aqui no Ártico. E é nossa escolha tentar mudar isso. Então, vamos fazer algo contra a maior ameaça do nosso tempo”, completou. [Fonte: Yahoo]